Canadá de Trudeau: o terceiro mandato do modelo liberal

Em 20 de setembro de 2021, os canadenses foram às urnas e votaram pela permanência do atual primeiro-ministro, Justin Trudeau, como Chefe de Governo do país. 

Justin Trudeau, filho do ex-premiê Pierre Trudeau, ganhou destaque dentro de seu partido, o Partido Liberal do Canadá, e foi eleito como PM pela primeira vez em 2015. Figura carismática, Trudeau ergueu novamente a imagem do partido, resgatando o fenômeno conhecido por Trudeaumania, até então direcionado ao seu pai, o que levou os liberais a conquistarem a maioria absoluta no Parlamento naquele ano. Em 2019, no entanto, após as eleições gerais, Trudeau foi obrigado a formar um governo de minoria; ainda assim, sua conduta durante a pandemia da Covid-19 (2020-) foi diversas vezes elogiada. Com uma postura calma, o governo de Trudeau controlou a pandemia com sucesso, estabelecendo medidas restritivas e um amplo apoio à vacinação. Nesse cenário, o político de 49 anos acreditou estar em um pico de popularidade, o que o levou a convocar as eleições gerais antecipadamente, tentando reconquistar a maioria parlamentar. Apesar de ter sido reeleito, Justin Trudeau não recuperou suas cadeiras legislativas e continuará a governar com minoria. 

Tendo isso em vista, podemos entender as futuras posições da política comercial canadense. 

Trudeau possui uma agenda bastante liberal e pouco austera, sendo frequentemente visto como favorável a acordos multilaterais e à integração econômica. Durante seu mandato, o premiê já recusou a transformação do antigo NAFTA (Acordo de Livre-Comércio da América do Norte), atual CUSMA (Acordo Canadá-Estados Unidos-México), em um acordo bilateral entre os Estados aglo-saxões, defendendo a permanência do México; além de também ter assinado o Acordo Integral sobre Economia e Comércio (CETA), um acordo de livre-comércio com a União Europeia. 

Em 2016, a revista britânica The Economist chamou o Canadá de Trudeau de “exemplo para o mundo”. Tendo investido em infraestrutura e inovação, o país se tornou um exemplo de crescimento econômico sólido, merecendo parabenizações da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Dentro de suas propostas, o atual presidente prometeu uma “economia mais resiliente”, com ideais de cuidado social, empreendedorismo e equidade fiscal. Sendo, atualmente, a 9º maior economia mundial e integrante do G7 (Grupo dos 7), grupo que reúne as maiores potências globais, o Canadá possui 15 acordos de livre-comércio vigentes e muitos em fase de negociações. 

Em relação ao mercado brasileiro, o Acordo de Livre-Comércio Canadá-Mercosul está em desenvolvimento e já contou com 7 rodadas de negociações. Além disso, as interações bilaterais entre Brasil e Canadá vêm crescendo anualmente, com destaque para a atuação das câmaras de comércio, instituições da iniciativa privada que promovem a comunicação comercial e cultural entre os dois países. Vale ressaltar que nós, da GC5, contamos com a ampla parceria da CCBC (Câmara de Comércio Brasil-Canadá) e da FCBB (Federação das Empresas Canadenses-Brasileiras). 

Em resumo, é seguro admitir que o Canadá não passou por nenhuma mudança política profunda nas últimas eleições, o que aponta para a continuidade do país no caminho da abertura social, cultural e econômica, aspectos que apenas reforçam as possibilidades de cooperação comercial internacional.

Artigo de Pedro Yunes, estagiário na GC5 International Trade Consulting.

Trudeau's Canada: the third mandate of the liberal model 

On September 20, 2021, Canadians went to the polls and voted to keep the current Prime Minister, Justin Trudeau, as the country's Head of Government. 

Justin Trudeau, son of former Prime Minister Pierre Trudeau, has gained prominence within his party, the Liberal Party of Canada, and was first elected as PM in 2015. A charismatic figure, Trudeau raised the party's image again, rescuing the phenomenon known as Trudeaumania, until then directed at his father, which led to the Liberals winning an absolute majority in Parliament in that year. In 2019, however, after the general election, Trudeau was forced to form a minority government; still, his conduct during the Covid-19 pandemic (2020-) was repeatedly praised. With a calm stance, Trudeau's government successfully contained the pandemic by establishing restrictive measures and broad support for vaccination. Against this backdrop, the 49-year-old politician believed he was at a popularity peak, which led him to call a general election early, trying to regain a parliamentary majority. Despite being re-elected, Justin Trudeau did not regain his legislative seats and will continue to govern with a minority. 

With this in mind, we can understand the future positions of Canadian trade policy. 

Justin has a rather liberal and not very austere agenda, and is often seen as being in favour of multilateral agreements and economic integration. During his mandate, the premier has already refused the transformation of the former NAFTA (North American Free Trade Agreement), now CUSMA (Canada-United States-Mexico Agreement), into a bilateral agreement between the Anglo-Saxon States, defending the permanence of Mexico; and he has also signed the Comprehensive Economic and Trade Agreement (CETA), a free trade agreement with the European Union. 

In 2016, the British magazine The Economist called Trudeau's Canada an "example to the world". Having invested in infrastructure and innovation, the country has become an example of solid economic growth, deserving congratulations from the OECD (Organisation for Economic Cooperation and Development). Within his proposals, the current president has promised a "more resilient economy", with ideals of social care, entrepreneurship and fiscal equity. Currently the 9thlargest world economy and member of the G7 (Group of 7), a group that gathers the greatest global powers, Canada has 15 free-trade agreements in force and many in the negotiation phase. 

In relation to the Brazilian market, the Canada-Mercosur Free Trade Agreement is under development and has already gone through 7 rounds of negotiations. In addition, the bilateral interactions between Brazil and Canada have been growing annually, with emphasis on the activities of the chambers of commerce, private initiative institutions that promote commercial and cultural communication between the two countries. It is worth mentioning that we, at GC5, count on the broad partnership of CCBC (Brazil-Canada Chamber of Commerce) and FCBB (Federation of Canadian-Brazilian Businesses). 

In summary, it is safe to admit that Canada has not undergone any profound political change in the last elections, which points to the country continuing on the path of social, cultural and economic openness, aspects that only reinforce the possibilities of international trade cooperation.

Article by Pedro Yunes, intern at GC5 International Trade Consulting.

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